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Participação da Faupuccamp no Congresso Internacional de Arquitetura UIA Barcelona 96
by Editorial
Muro multimida para a avenida Faria Lima em Sao Paulo, projeto do aluno Daniel Raiser
A Faupuccamp teve uma expressiva participação no XIX Congresso Internacional de Arquitetura da União Internacional de Arquitetos - UIA Barcelona 96 - em julho deste ano, em Barcelona, Espanha.
Para a seção "57 Escuelas" -espaço destinado às escolas de todo o mundo-, a Faupuccamp teve selecionado dois trabalhos desenvolvidos no Trabalho de Graduação Interdisciplinar - TGI 95: "Proyecto urbano de Campinas, São Paulo, conteniendo estación de intercambio y edificios en su redor" (alunos: Adriana Pereira, Adriana Wild, Adriano Capeto, Denise Dal Gallo, Fernanda Falda, Fernando Ventura, Luciana Grande, Mariana Arisseto, Miguel G. S. Jr, e Mario Aguirre; professores: Antonio Fernandes Panizza, Irineu Idoeta, Maria Helena Machado, Roberto Starck e Bóris Henrique) e "Centro Cultural para la región do largo de Batata, barrio de Pinheiros, ciudad de São Paulo" (alunos: Adriano Tomitão Canas, Daniel Raizer, Isis Helena Castro, Reginaldo Pereira, Renata Ferreira e Silvia Helena Casarin; professores: Ab'lio Guerra, Denio Benfatti, Luis Espallargas, Spencer Pupo Nogueira, Wilson Ribeiro e Wilson Mariana).
Centro cultural de Pinheiros, projeto da aluna Isis Helena Ramos de Lima e Castro
Além dos dois trabalhos do TGI, que representaram oficialmente a escola, três professores da Faupuccamp apresentaram comunicação individual: Abilio Guerra (co-autoria de Marco do Valle), "Ciudad ysu doble"; Maria Cristina Schicchi , "La arquitectura necesaria"; Spencer Pupo Nogueira, "Proyecto de un modelo de núcleo urbano para el área de preservación forestal en amazonia".
A participação voluntária de alunos foi muito marcante, com diversos grupos inscrevendo-se no concurso de estudantes (tema habitação coletiva). Uma caravana com mais de cinquenta pessoas entre professores e alunos da Faupuccamp esteve presente no Congresso da UIA.
Les fotografies que acompanyen aquest reportatge han estat cedides per la direcció facultativa de l'obra
Habitat II
by M. Pilar Perez Pineyro, Uruguai
No dia 14 de junho, na cidade de Istambul, após 15 dias de intensas jornadas de debate, culminou recentemente o último dos fóruns que as Nações Unidas vêm organizando, abordando temas cruciais para o desenvolvimento e a viabilidade do planeta e seus habitantes. Na realidade de um mundo em crescente processo de urbanização, desta vez as cidades foram as convocadas.
Bizâncio, grega, Constantinopla, romana e cristã, e Istambul, otomana e muçulmana: uma das cidades mais antigas do planeta, localizada no vértice mais ao sul e ao oeste do continente europeu, estica pontes sobre o estreito de Bósforo para abraçar e se estender pelo continente asiático. Fundada pelos gregos, 800 anos antes da Era Cristã, controla há mais de 2500 anos o "vale 'estreito' com fundo de mar" onde se misturam e se confundem as ocidentais e lendárias águas do Mar Mediterrâneo com as Orientais do Mar Negro. Hoje, em 1996, Istambul convocou estados e governos do mundo inteiro para refletir e se comprometer em desejos, projetos, compromissos e ações posteriores ao ano 2000, reconhecendo a realidade de um planeta que se organiza e estrutura-se aceleradamente através dos territórios de suas vilas, povoados e cidades; e que sofre simultaneamente o também acelerado processo de globalização, de conseqüências, porém, "não globais" para o planeta ómais de uma quinta parte da população sem moradia nem acesso à infraestruturas básicas e a impossibilidade de que os habitantes das cidades possam se constituir em seus cidadãos.
Cooperativa Covimt 1. Montevideo, Uruguai. Espaço comum e espaços delimitados de transiçao frente às unidades: uma constante de desenho nos conjuntos cooperativos.
Porém, quanto e como, e de que forma tudo isto foi discutido?
As conferências das Nações Unidas não obrigam com sanções aos estados e a seus governos a cumprir com os compromissos que ali são assumidos. Estes eventos têm, porém a possibilidade de construir uma opinião pública em relação à temas que interessam profundamente as pessoas: Rio 92 e os limites dos recursos ambientais da Terra; Viena 93 e a violação dos direitos humanos; Cairo 94 e a crescente população mundial "condenada" que se pretende "planificar"; Copenhague 95 e a desintegração social; Beijing 95 e os direitos humanos das mulheres; e agora Istambul 96 e suas cidades "competitivas e excludentes".
A estrutura clara e precisa da temática a ser abordada, se apresenta imprescind'vel, para que os documentos aprovados, possam constituir-se em ferramentas eficazes ao serviço das pessoas para facilitar a continuação dos compromissos. O "Controle Cidadão": uma tarefa "aberta". O processo preparatório do Habitat II, iniciado em Genebra em 1994, foi um dos mais completos, discutidos e participativos. Foram promovidos processos nacionais através da constituição de Comitês em cada um dos pa'ses, que deveriam integrar os diferentes setores comprometidos na construção das cidades; reparar planos nacionais, elaborar indicadores urbanos e de moradia e avaliar e estabelecer suas melhores práticas.
Se Rio 92 havia tentado concientizar o mundo, sobre a urgência de abordar um crescimento econômico de caráter "sustentável", para garantir o desenvolvimento do mundo e da humanidade e não o seu suic'dio, Istambul devia expressar ao mundo, com ênfase, que a sustentabilidade do planeta passava necessariamente (e especificado no cap'tulo 28 da Agenda 21) pela sustentabilidade de suas cidades, territorializando localmente os temas abordados pelas conferências anteriores.
A conferência se organizou e se concentrou em dois temas e na seguinte ordem: "moradia adequada para todos" e "assentamentos humanos sustentáveis". Um desenvolvimento "sustentável" da cidade passa necessariamente pela construção das moradias para suas pessoas. De "identidades individuais e identidades coletivas" se constitui necessariamente a cidade.
Cidades (sustentáveis) sem moradias não existem, porém existem moradias sem cidade. Se a integração e coexistência do privado e do público se faz cidade, o público, -a possibilidade da gora- é seu atributo fundamental.
O Direito à Moradia, reconhecido no documento do Habitat I em Vancouver 1976 e em documentos das Nações Unidas, estava porém ausente no rascunho da Agenda do Habitat. O argumento da falta de recursos, em um planeta em que a produção da riqueza não está em discussão, mas sim sua distribuição, mesmo que não se pretendesse que o Estado "desse de presente" as moradias, provocou a reação imediata e as negociações correspondentes por parte das ONGs. O debate em Nova York, enfrentando a posição dos Estados Unidos, mas também as do Japão e Brasil, centralizou a partir desse momento, no Direito da Moradia, toda a atenção da Conferência.
Em Istambul, retificado e ampliado em sua concepção, as expectativas que o Direito à Moradia estabelece frente aos desafios contemporâneos de um complexo mundo organizado, subjaz como interrogação. O direito à cidade assim como também ao espaço público, por exemplo, temas presentes em documentos e declarações de Ongs durante o processo preparat--rio, estiveram ausentes porém, tanto nos debates oficiais do Habitat II, como em seus papéis finais.
Os resultados da conferência, apresentam conquistas reais: se retificaram -rediscutindo-os e ampliando-os em suas concepções-compromissos de outras conferências; uma seção da Agenda do Habitat, que pode passar quase "desapercebida", porque não gerou suficiente polêmica, está porém inteiramente dedicada à aspectos cruciais da infraestrutura para a "gestão democrática para o território", como a descentralização do Estado, o fortalecimento da autonomia e de governos locais e a institucionalização da participação cidadã; também começaram a se por em prática, pela primeira vez, inéditos e importantes procedimentos de trabalhar nestes fóruns, que garantiram a participação efetiva dos distintos setores convocados, protagonizadas fundamentalmente pelas ONGs e também pelos governos locais. Foi, talvez, uma maneira de por em prática o necessário "acordo" para evitar que a "facilidade" leve à fuga de responsabilidades por parte do Estado.
Sobre este final de milênio -se a Prepcom III havia evidenciado a dificuldade cultural por parte dos Estados Nacionais de distribuir o poder pol'tico, proporcionando mais poder às cidades e possibilidades reais de participação no conjunto de decisões da sociedade civil-, a definitiva congregação do Habitat II pôs em evidência, sobre este fim de milênio, uma certa dificuldade para "arriscar" a construção de novas utopias e projetos alternativos ao cego processo de globalização e à "nova ordem" internacional.
No Prepcom III, o Brasil havia sido o único pa's latinoamericano que havia se oposto ao Direito à Habitação. Na discussão interna nacional, porém, tinha sido um dos mais participativos. A arquiteta Raquel Rolnik (professora da Faupuccamp) e Nelson Saule, integrantes da Pólis, uma Ong paulista, consideram o Plano Global de Ação como ferramenta fundamental para a realização de reivindicações urbanas importantes, como o direito à cidade e à habitação.
O discurso de Fidel Castro, no último dia da Conferência -um dos poucos Chefes de Estado e o único pela América Latina presente em Istambul- e o concentrado aplauso de pé que provocaram suas palavras na Sala Plenária, evidenciou uma "situação de mundo" significativa. Os pa'ses do mundo inteiro aplaudiam aquilo que ninguém diz, o que ninguém se arrisca a dizer e que unicamente Cuba, desde uma ilha, quase como um s'mbolo, insiste em enfrentar: "Afinal, nós somos o mundo e o mundo nos tem como donos..." A recente oposição da Comunidade Européia ao del'rio onipotente da Lei "Clinton" talvez tenha naquele aplauso, semanas atrás, um distante e esperançoso antecedente.
Trienal de Milão
by Marcos Tognon, Itália
Exposição Giuseppe Terragni
Centro de Estudos Giuseppe Terragni
Giorgio Ciucci Marco De Michelis, curadores
11 maio a 3 novembro 1996
Mais do que uma simples Mostra, este evento se coloca como uma etapa final de um longo processo iniciado em 1990 quando, graças à disponibilidade da fam'lia Terragni, foi constitu'do o Centro de Estudos Giuseppe Terragni, e os seus componentes -G. Canella, G. Ciucci, P. Fossati, A. Longatti, G. Mantero, F. Tentori, e que hoje fazem parte da comissão cient'fica da Mostra- tinham definido um programa de trabalho que previa "a completa catalogação e arquivamento dos documentos do escrit--rio de Terragni (3.500 desenhos, 15 documentos, 800 fotografias); o estudo anal'tico e sistemático desses registros por parte dos estudiosos italiano e estrangeiros; o confronto dos êxitos cient'ficos destas investigações em ocasião de um seminário de estudos desenvolvido no Centro Internazionale di Studi di Architettura Andrea Palladio de Vicenza, em junho de 1994; enfim, a mostra e a publicação agora de um livro-catálogo, com o objetivo de apresentar ao grande público em Italia e no exterior o estado do conhecimento sobre a obra do arquiteto comasco." [Giorgio Ciucci e Marco De Michelis, apresentação do catálogo da Mostra]
A mostra antol--gica sobre Terragni se inicia com um interessante confronto: são colocadas na mesma sala as sua primeira e a última obra constru'das em Como (norte da Itália). Trata-se de dois prédios de habitação, o Novocomum (27-29) e a Casa Giuliani-Frigerio (39-40). Um confronto que evidencia, segundo os curadores, dois in'cios, duas sensibilidades de Giuseppe Terragni (1904-43) na recepção do racionalismo arquitetônico de matriz franco-alemã. Simetria volumétrica, tectônica clara, mediterrânea, externa do Novocomum em confronto com as diversas operações espaciais, privadas de um ritmo, de uma unidade, oriundas de um "embate espacial" no interior da Casa Giuliani-Frigerio. As sucessivas salas apresentam, com muito refinamento gráfico e com maquetes "estruturais", a cronologia da produção arquitetônica, urban'stica e pict--rica de Terragni, delimitando planimetricamente o espaço central do edif'cio da Trienal para, ali, apresentar ao visitante uma "interpretação" da sala "O" da Mostra da Revolução Fascista de 1932, projetada pelo nosso arquiteto junto com De Renzi, Libera, Prampolini, Nizzoli e Sironi. Nesse espaço central temos a visibilidade com o qual a historiografia da arquitetura sempre pretendeu "interpretar" o Terragni fascista, colaborador com o Regime de Mussolini, arquiteto de manifestações de louvor ao poder pol'tico que dominou a Italia entre 1922 e 1944. Um Terragni sobretudo genial, capaz de operar uma plástica abstrata rumo a uma ambientação que exala sentimentos, a tragédia, a luta, a força, a necessária união dos feixes de combate para um "regime revolucionário". Um arquiteto "revolucionário" para uma pol'tica "revolucionária".
O catálogo [Giuseppe Terragni, G. Ciucci (org.), Milão, Electa, 1996, 652 p.] é um grande repert--rio de informações, ensaios, perfiz art'sticos de Terragni, dada a condensação de uma enorme quantidade de material, sem, contudo, ter uma ordem clara e sistemática de referências às ilustrações, às suas partes (testemunhos, conjunto de ensaios, análises pontuais, bibliografia e o catálogo geral das obras) e às muitas sobreposições de juizos sobre uma determinada questão ou projeto. Não há um 'ndice mais espec'fico, e assim, por exemplo, se o leitor quer saber tudo que ali foi escrito sobre a Casa del Fascio, ele deverá percorrer página por página, enumerar as ilustrações, os testemunhos, os ju'zos cr'ticos que a pr--pria ficha da obra, na seção catálogo, obviamente não contém.
Nota da Editoria
O Centro Internazionale di Studio di Architettura "Andrea Palladio"di Vicenza, Itália, organiza anualmente importantes e concorridos seminários sobre arquitetura italiana e publica os "Annali di Architettura", preciosa edição sob responsabilidade de Guido Beltramini. Maiores informações podem ser obtidas no endereço abaixo:
Centro Internazionale di Studio di Architettura "Andrea Palladio"di Vicenza
Basilica Palladiana, Domus Comestabilis Casella Postalle 83536100 Vicenza Italia fon 0039 444 32.3014fax 0039 444 32.2869
II mês de arquitetura em São José dos Campos
by Maria Beatriz de Camargo Aranha
A Fundação Cultural Cassiano Ricardo promove em São José dos Campos a segunda edição do Mês de Arquitetura, desta vez com o tema Mutações do Ambiente Urbano. Exposições, mesas-redondas, palestras e workshops, de 01 a 26 de outubro, tendo como tema básico o interesse na reciclagem e na revitalização de equipamentos, espaços urban'sticos e arquitetônicos nas esferas pública e privada nas escalas municipal, estadual ou federal.
O evento tem particular importância devido à alta qualidade do grande número de obras de arquitetura moderna de São José dos Campos. Some-se a isso a importância atual da discussão sobre reciclagem de edif'cios hist--ricos e conjuntos urban'sticos, especialmente os modernos. Parte considerável desse acervo arquitetônico está em poder de orgãos públicos ou de entidades privadas conscientes do seu valor.
O in'cio desse acervo moderno de São José dos Campos dá-se, já, em grande escala: o Ministério da Aeronaútica promove, em 48, concurso nacional para o Centro Técnico Aeroespacial. Vencido por Oscar Niemeyer, o CTA propicia uma série de experiências, principalmente no setor residencial, que alcançam notoriedade internacional. Não menos prof'cua é a relação entre a fam'lia Gomes e o escrit--rio Rino Levi Arquitetos Associados. São décadas, desde a Residência Olivo Gomes de 51, onde diversos tipos de programas são projetados para as fazendas, resultando no hoje denominado Complexo Tecelagem Parahyba, onde é marcante também a presença do paisagista Burle Marx.
Cidade importante no processo de industrialização do pa's (durante a década de 70 chegou a crescer 10% ao ano), repete-se em São José dos Campos a consolidação do carater desenvolvimentista através da arquitetura moderna. Vários arquitetos proeminentes projetam obras na cidade: Lúcio Costa, Carlos Millan, Vilanova Artigas, Osvaldo Bratke, Roger Zmekhol, Jacques Pilon, David Libiskind, Paulo Mendes da Rocha, Ruy Ohtake e outros. Esse impressionante conjunto de referências formou um respeitável grupo de profissionais locais e um importante número de clientes com exigências bem definidas.
Entre outros, participam do evento Maria Beatriz de Camargo Aranha, professora da Faupuccamp, e Renato Anelli, professor do curso de Arquitetura da USP São Carlos e membro do Conselho Editorial da revista culum.
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